A GESTÃO PÚBLICA NO ESPORTE E LAZER EM MUNICÍPIOS CATARINENSES

A gestão eficiente e de qualidade dos recursos públicos é um grande desafio para os gestores atuais, especialmente no esporte e lazer. Nos municípios catarinenses, observa-se que políticas públicas nessa área frequentemente seguem práticas clientelistas e privilégios, com foco em eventos esportivos pontuais, como apontado por Ouriques (2010). Esse modelo não atende às necessidades da sociedade nem aos princípios de eficiência e equidade.

         
Capa do livro A miséria do esporte.

O resultado dessa abordagem é a transferência de responsabilidades que deveriam ser da iniciativa privada para o poder público, ao mesmo tempo em que se mantém um modelo esportivo excludente, focado em resultados de curto prazo. Além disso, a dependência de convênios com prefeituras por parte de entidades esportivas demonstra a fragilidade no planejamento e na captação de recursos privados.

As políticas voltadas para eventos esportivos muitas vezes priorizam interesses governamentais e empresariais em detrimento do retorno efetivo para a comunidade. Apesar de altos investimentos, o retorno financeiro para os municípios é baixo, e os recursos são mal distribuídos, com prioridade para infraestrutura e esporte de alto rendimento, enquanto o esporte educacional e comunitário são negligenciados.

A má gestão dos recursos é evidenciada pela baixa execução orçamentária e pela concentração de investimentos em projetos elitizados. Isso reflete uma desconexão com os preceitos constitucionais e a Política Nacional de Esporte, que demandam maior democratização no acesso à prática esportiva e transparência no planejamento orçamentário.

Megaeventos esportivos realizados no Brasil ilustram bem esses problemas. Apesar das promessas de desenvolvimento social e econômico, os benefícios ficaram restritos a poucos setores, enquanto a maioria da população não foi diretamente favorecida. Além disso, os legados prometidos, como estruturas esportivas acessíveis, não se concretizaram, demonstrando a ineficácia no uso dos recursos públicos.

Diante desse cenário, é essencial que a gestão pública priorize a transparência, a democratização e o planejamento estratégico no esporte e lazer. Somente com uma abordagem inclusiva e eficiente será possível transformar o esporte em um verdadeiro agente de desenvolvimento social, beneficiando toda a comunidade.